Pb. José Roberto A. Barbosa
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INTRODUÇÃO
O movimento da Teologia da Ganância,
que nada tem de cristão, foge dos textos bíblicos que tratam a respeito do
sofrimento. As bem-aventuranças, apresentadas por Jesus no Sermão do Monte, são
desconsideradas. Na lição de hoje, aprenderemos que existe prosperidade para os
bem-aventurados, e esses, diferentemente do que defendem o
pseudopentecostalismo, tem como marca o sofrimento. Mesmo em meio ao
sofrimento, por amor a Cristo, esses são considerados - makarios em grego -
isto é, mais do que felizes.
1. BEM-AVENTURADOS OS POBRES, OS QUE
CHORAM E OS MANSOS
A pobreza espiritual é o
reconhecimento da nossa necessidade de Deus, de que somos pecadores, carentes
do Seu perdão. Como bem explicitou Calvino: “só aquele que, em si mesmo, foi
reduzido a nada, e repousa na misericórdia de Deus, é pobre de espírito”. O
reino de Deus é concedido àqueles que percebam sua carência de Deus, os
pecadores, nos tempos de Jesus, concretizados, por exemplo, nos publicanos e
prostitutas (Mt. 21.21). Os fariseus, alicerçados em sua vã religiosidade,
deixaram de atentar para essa sublime verdade (Mt. 23.23-26). Os que choram
também são bem-aventurados, Jesus é um grande exemplo nesse sentido, pois Ele
mesmo chorou a miséria dos homens (Jo 11.35; Mt. 23.37; Hb. 5.7). Somente
aqueles que choram pelos seus pecados podem receber o Consolador, pois esses,
ao final, terão suas lágrimas enxugadas por Deus (Ap. 7.17). Os mansos – praus
em grego – seguem o modelo que é Cristo, em Sua mansidão (Mt. 11.29). Dr. Lloyd
Jones explica essa bem-aventurança com a seguinte declaração: “a mansidão é, em
essência, a verdadeira visão que temos de nós mesmos, e que se expressa na
atitude e na conduta para com os outros”. A promessa de Jesus aos mansos é que
eles herdarão a terra, que ecoa as palavras do Salmo 37, para não nos
indignarmos por causa dos malfeitores, e a mantermos nossa esperança no Senhor.
2. OS QUE TÊM FOME E SEDE DE JUSTIÇA,
OS MISERICORDIOSOS
Maria, em seu Magnificat, declara que
Deus encheu de bens os famintos e despediu vazios os ricos (Lc. 1.53). De fato,
os que têm fome e sede de Deus, e de justiça, é que serão fartos. A ambição
desses não é material, como tanto se propaga atualmente, mas espiritual. Essa
fome e sede de justiça não serão cumpridas enquanto estivermos aqui na terra.
No mundo impera a maldade e o engano, as pessoas fazem de tudo para tirar
vantagem. O rico prospera e ostenta o produto das suas aquisições, muitas vezes
adquiridas ilicitamente. Enquanto que o pobre é injustiçado, trabalha por um
salário de fome, e é constantemente oprimido. Mas bem-aventurados os que têm
fome e sede de justiça, pois eles, no céu, jamais terão fome e nunca mais terão
sede (Ap. 7.16,17). Os misericordiosos – eleos em grego - também são
bem-aventurados, pois demonstram compaixão pelas pessoas que passam
necessidade. Existe uma diferença marcante entre graça (charis) e misericórdia
(eleos). A primeira é resultante do favor imerecido, em relação ao pecado,
enquanto que essa última é uma demonstração de alívio diante da dor, da miséria
e do desespero. O mundo desconhece tanto a graça quanto a misericórdia, pois
trata as pessoas com crueldade, foge da dor e do sofrimento dos homens. A
cultura da vingança e da competitividade se consolidou no contexto de uma
sociedade insensível à mensagem de Deus. Agir com misericórdia é está disposto
a perdoar, conforme instruiu Jesus na parábola do credor incompassivo (Mt.
18.21-35).
3. OS LIMPOS DE CORAÇÃO, OS
PACIFICADORES E OS PERSEGUIDOS
Bem-aventurados são os limpos de
coração, aqueles que oram, com Davi: “cria em mim, ó Deus, um coração puro, e
renova dentro em mim um espírito inabalável” (Sl. 51.6). A pureza que agrada a
Deus vem de dentro para fora, parte do interior do ser, não do exterior, como
defendiam os fariseus (Lc. 11.39; Mt. 23.25-28). Umas das marcas dos limpos de
coração é sinceridade, são pessoas que não entregam a alma à falsidade (Sl.
24.4). A motivação das suas atitudes é produto da honestidade. Os limpos de
coração não vivem das aparências, do marketing pessoal em detrimento da
sinceridade do coração. Somente os limpos de coração, os que são sinceros
diante de Deus, que não vivem de máscaras, verão a Deus. Aqueles que assim
vivem são pacificadores, por isso são bem-aventurados, pois não vivem
dissimuladamente, antes agem com vistas a construir relacionamentos sólidos,
sem que esses estejam baseados na pressão. Os cristãos não foram chamados por
Cristo para viverem em conflito, mas em paz (I Co. 7.15; I Pe. 3.11; Hb. 12.14;
Rm. 12.18). Os que são pacificadores são bem-aventurados porque foram
agraciados com a paz de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo (Cl. 1.10; Ef.
2.15). Aqueles que vivem a partir desses princípios sofrerão perseguição, mesmo
assim, devem se considerar mais do que felizes (Mt. 5.12). A promessa para os
que suportam as perseguições é a “o galardão nos céus”. Os profetas, por
denunciarem o pecado, foram perseguidos, aqueles que fazem o mesmo atualmente,
participam dessa sucessão (At. 5.41).
CONCLUSÃO
Lutero incluiu o sofrimento no rol
das características de uma verdadeira igreja. Do mesmo modo, podemos afirmar
que uma igreja verdadeiramente próspera passa por sofrimento. Paradoxalmente,
há movimentos cujo slogan é: “pare de sofrer”. Uma igreja que não sofre não
pode se considerar igreja, pois conforme revelou Paulo ao jovem pastor Timóteo,
todos aqueles que seguem piedosamente a Cristo padecerão perseguição (II Tm.
3.12).
BIBLIOGRAFIA
STTOT, J. A mensagem do Sermão do Monte. São Paulo: ABU, 2001.
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